António Guedes de Amorim
Nasceu no lugar de Sá, freguesia de Sedielos, concelho do Peso da Régua, em 26 de Outubro de 1901.
Escritor e jornalista português nascido em 1901, no Peso da Régua, e falecido em 1979. Como jornalista, consagrou-se no Porto, tendo iniciado a sua atividade em jornais académicos. Juntamente com a reportagem, cultivou a ficção e o género histórico. Publicou contos, novelas, biografias e romances, de que se destacam Aldeia das Águas (1939, vencedor do Prémio Ricardo Malheiros), Jesus Passou por Aqui (1963, vencedor do Prémio Cervantes) e Francisco de Assis Renovador da Humanidade (1960).
António Guedes de Amorim (Sedielos, Peso da Régua, 26 de Outubro de 1901 — Lisboa, 11 de Março de 1979) foi escritor[1] e jornalista português[2][3].
Publicou vários contos, novelas, biografias e romances, sendo os de mais destaque:
- Aldeia das Águias(1939 - vencedor do Prémio Ricardo Malheiros);
- Jesus Passou por Aqui (1963 - vencedor do prémio Cervantes);
- Francisco de Assis, Renovador da Humanidade (1960).
Referências
- António Guedes de Amorim. In Diciopédia 2005 [DVD-ROOM]. Porto: Porto Editora, 2004. (ISBN 972-0-65258-6)
- ↑ António Guedes de Amorim. Infopédia. Página visitada em 24 de dezembro de 2012.
- ↑ Grémio Literário Vilarealense. Guedes de Amorim / Ciclos - Contistas Ruralidade Trasmontana e Alto-Duriense. Câmara Municipal de Vila Real. Página visitada em 24 de dezembro de 2012.
António Guedes de Amorim
Quem passar pela Régua, ali para os lados do Quartel dos Bombeiros, encontra a Rua Guedes de Amorim. Talvez a maior parte das pessoas não saiba quem foi este homem. Porém, a placa identificativa da dita rua diz que ele foi um escritor do século XX. Um jornalista e escritor prolífico, mas discreto. De facto, ele não teve a sorte de contar com publicidade agressiva nem editoras com elevado sentido de marketing... coisas que no seu tempo não se usavam muito e que ele também não quis procurar. Sabe-se que alguns dos seus escritos tiveram boa recepção do público, mas o seu êxito foi definhando, de modo que nos últimos anos da sua vida poucas pessoas falavam dele, tendo falecido quase na miséria em 11 de Março de 1979, em Lisboa.
António Guedes de Amorim nasceu em Sedielos, no pequeno e escondido lugar de Sá, a 26 de Outubro de 1901, na aurora do século XX. Vivendo a sua infância à sombra do Marão e aos pés do Rio Sermanha, que serviram de musas inspiradoras ao seu romance mais conhecido, Aldeia das Águias, cedo deixou a sua terra para trabalhar no comércio, primeiro na Régua e depois em Lisboa. Foi redactor do Século e do Século Ilustrado. Aventurou-se também na ficção, dando ao público romances, novelas e contos onde lateja uma constante inquietação social.
Na sua obra, os mais pobres e fracos lutam para sobreviver nas malhas de uma vida dura, tentando libertar-se da opressão dos mais fortes. Sem demonstrar entusiasmo pela solução marxista da luta de classes, foi contudo simpatizante da ideologia de Marx. Literariamente, embora não se confessasse adepto de nenhuma escola, alguns críticos descobrem nele alguns laivos de neo-realismo disperso pela ruralidade trasmontana e duriense e pelos ambientes urbanos do Porto e outras cidades.
O percurso ideológico e espiritual de Guedes de Amorim foi moldado por essa ternura e preocupação pelos pobres e simples, vindo a encontrar na fé cristã um sentido para a vida e um caminho para a resolução dos problemas sociais. Por isso não nos espanta que a sua vida desse uma reviravolta, do marxismo para o ideal de S. Francisco de Assis. Foi nessa fase da sua vida que nasceu a obra Francisco de Assis, Renovador da Humanidade. Como terceiro franciscano, debruçou-se sobre a actividade dos filhos espirituais do Poverello no mundo. Com eles visitou a Terra Santa, resultando dessa viagem o maravilhoso livro Jesus passou por aqui.
Quase passou despercebido, em 2001, o centésimo aniversário do nascimento deste escritor duriense. É um dever de justiça e de gratidão que se faça alguma coisa para lembrar o homem e a sua obra. O concelho da Régua tem sido honrado com a beleza dos escritos de alguns dos seus filhos, como João de Lemos, Antão de Morais Gomes e João de Araújo Correia. Praticamente da mesma geração de Guedes de Amorim, João de Araújo Correia tem recebido muitas provas da admiração que todos nós temos pela sua obra, como médico, escritor e defensor da Língua Portuguesa. São dele estas palavras preciosas acerca do romance Aldeia das Águias:
«Há, nesse romance, um alfaiate que é uma santidade, ou melhor dizendo, um achado de ternura que faria crescer água na boca a Raul Brandão. O alfaiate, que fazia bonecos de pano para as criancinhas, vai ao cemitério levar o mais bem feito a um surdo-mudinho, que lhe sorrira em vida como nenhum outro menino (...). Guedes de Amorim, filho de Raul Brandão no amor a uma alma pura, mirrada por incompreensões e injustiças até se reduzir a um graveto de alma, pode extrair do romance o conto do alfaiate, que é uma obra-prima. Outro primor, dado no mesmo romance, é a descrição da matança das águias que moravam na Fraga da Ermida. As peripécias da montaria levam-me à Idade Média por mão de Fernão Lopes» (João de Araújo Correia, Pontos Finais, Régua, Imprensa do Douro, 1975, 153).
Penso que não se poderiam escolher palavras que exprimissem melhor o valor da obra literária de Guedes de Amorim. Desafiamos as instituições reguenses, a começar pela Câmara Municipal e pelas Juntas de Freguesia de Sedielos e Vinhós, a promoverem a homenagem que ele merece. Também os franciscanos têm uma dívida para com este homem, que divulgou o seu ideal e a sua obra apostólica. Que não deixem cair em saco roto este contributo, que certamente tornou mais conhecida a obra franciscana em Portugal e no mundo.
MANUEL COUTINHO
(1) Fotografia da enorme mole rochosa conhecida como "Fraga da Ermida". Aqui Guedes de Amorim situa a cena da matança das águias, no seu livro Aldeia das Águias. Por essa descrição foi-lhe atribuído o prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências. Em primeiro plano, podemos ver a Capela de S. Tiago, hoje com o seu terreno circundante muito melhorado.
Fonte: Blog Fraga do Marão - http://castanheira2006.blogs.sapo.pt/2365.html.
António Guedes de Amorim nasceu em Sedielos, no pequeno e escondido lugar de Sá, a 26 de Outubro de 1901, na aurora do século XX. Vivendo a sua infância à sombra do Marão e aos pés do Rio Sermanha, que serviram de musas inspiradoras ao seu romance mais conhecido, Aldeia das Águias, cedo deixou a sua terra para trabalhar no comércio, primeiro na Régua e depois em Lisboa. Foi redactor do Século e do Século Ilustrado. Aventurou-se também na ficção, dando ao público romances, novelas e contos onde lateja uma constante inquietação social.
Na sua obra, os mais pobres e fracos lutam para sobreviver nas malhas de uma vida dura, tentando libertar-se da opressão dos mais fortes. Sem demonstrar entusiasmo pela solução marxista da luta de classes, foi contudo simpatizante da ideologia de Marx. Literariamente, embora não se confessasse adepto de nenhuma escola, alguns críticos descobrem nele alguns laivos de neo-realismo disperso pela ruralidade trasmontana e duriense e pelos ambientes urbanos do Porto e outras cidades.
O percurso ideológico e espiritual de Guedes de Amorim foi moldado por essa ternura e preocupação pelos pobres e simples, vindo a encontrar na fé cristã um sentido para a vida e um caminho para a resolução dos problemas sociais. Por isso não nos espanta que a sua vida desse uma reviravolta, do marxismo para o ideal de S. Francisco de Assis. Foi nessa fase da sua vida que nasceu a obra Francisco de Assis, Renovador da Humanidade. Como terceiro franciscano, debruçou-se sobre a actividade dos filhos espirituais do Poverello no mundo. Com eles visitou a Terra Santa, resultando dessa viagem o maravilhoso livro Jesus passou por aqui.
Quase passou despercebido, em 2001, o centésimo aniversário do nascimento deste escritor duriense. É um dever de justiça e de gratidão que se faça alguma coisa para lembrar o homem e a sua obra. O concelho da Régua tem sido honrado com a beleza dos escritos de alguns dos seus filhos, como João de Lemos, Antão de Morais Gomes e João de Araújo Correia. Praticamente da mesma geração de Guedes de Amorim, João de Araújo Correia tem recebido muitas provas da admiração que todos nós temos pela sua obra, como médico, escritor e defensor da Língua Portuguesa. São dele estas palavras preciosas acerca do romance Aldeia das Águias:
«Há, nesse romance, um alfaiate que é uma santidade, ou melhor dizendo, um achado de ternura que faria crescer água na boca a Raul Brandão. O alfaiate, que fazia bonecos de pano para as criancinhas, vai ao cemitério levar o mais bem feito a um surdo-mudinho, que lhe sorrira em vida como nenhum outro menino (...). Guedes de Amorim, filho de Raul Brandão no amor a uma alma pura, mirrada por incompreensões e injustiças até se reduzir a um graveto de alma, pode extrair do romance o conto do alfaiate, que é uma obra-prima. Outro primor, dado no mesmo romance, é a descrição da matança das águias que moravam na Fraga da Ermida. As peripécias da montaria levam-me à Idade Média por mão de Fernão Lopes» (João de Araújo Correia, Pontos Finais, Régua, Imprensa do Douro, 1975, 153).
Penso que não se poderiam escolher palavras que exprimissem melhor o valor da obra literária de Guedes de Amorim. Desafiamos as instituições reguenses, a começar pela Câmara Municipal e pelas Juntas de Freguesia de Sedielos e Vinhós, a promoverem a homenagem que ele merece. Também os franciscanos têm uma dívida para com este homem, que divulgou o seu ideal e a sua obra apostólica. Que não deixem cair em saco roto este contributo, que certamente tornou mais conhecida a obra franciscana em Portugal e no mundo.
MANUEL COUTINHO
(1) Fotografia da enorme mole rochosa conhecida como "Fraga da Ermida". Aqui Guedes de Amorim situa a cena da matança das águias, no seu livro Aldeia das Águias. Por essa descrição foi-lhe atribuído o prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências. Em primeiro plano, podemos ver a Capela de S. Tiago, hoje com o seu terreno circundante muito melhorado.
Fonte: Blog Fraga do Marão - http://castanheira2006.blogs.sapo.pt/2365.html.